Mitos e verdades sobre crianças bilíngues: o que a ciência diz?

Não há dúvidas de que dominar uma segunda língua, como o inglês, traz inúmeros benefícios ao longo da vida adulta. As oportunidades acadêmicas e profissionais são apenas algumas das provas de que ser bilíngue amplia horizontes e abre portas. De fato, falar duas línguas é uma vantagem sem medidas, não é mesmo?! 

No entanto, quando o assunto é aprender um novo idioma ainda na infância, muitos são os questionamentos por parte de pais e educadores: será que a criança não vai se confundir? Isso pode atrasar o desenvolvimento da fala? É melhor esperar crescer para começar? 

A verdade é que a educação bilíngue tem conquistado cada vez mais espaço e reconhecimento nos sistemas educacionais. Apesar da popularidade em alta, ainda existem muitas perguntas que geram incertezas e dificultam a compreensão dos reais benefícios da educação bilíngue na infância. 

Para acabar, de uma vez por todas, com essas dúvidas e mostrar, com base em evidências, os benefícios da educação bilíngue infantil, reunimos 5 mitos e verdades sobre o assunto. Vamos juntos descobrir o que é fato e o que é fake? 

  1. Falar mais de um idioma causa atraso na fala

Mito! Esse é um dos receios mais comuns entre pais e educadores, mas não há evidências científicas que indiquem que o bilinguismo atrasa ou prejudica o desenvolvimento da fala. Muito pelo contrário: pesquisas comprovam que crianças bilíngues atingem os mesmos marcos linguísticos que as monolíngues – como dizer as primeiras palavras, formar frases simples e ampliar o vocabulário – dentro da faixa etária esperada. 

O que pode acontecer – e é absolutamente normal – é a criança bilíngue apresentar um vocabulário menor em cada idioma. Isso acontece porque, geralmente, ela distribui suas palavras entre as duas línguas. No entanto, quando somamos o repertório total, ou seja, o vocabulário nos dois idiomas juntos, a quantidade de palavras conhecidas é equivalente à de crianças que falam uma única língua. 

  1. Crianças bilíngues se confundem entre os idiomas

Mito! Diferente do que muita gente pensa, o fato da criança bilíngue acabar misturando os idiomas não significa confusão. Na verdade, essa alternância entre as línguas, chamada code-switching, é um comportamento natural e saudável no processo de aquisição linguística. 

O code-switching é um sinal de que a criança está consciente das duas línguas e está experimentando como usá-las em diferentes contextos. Em outras palavras, é um sinal de que o aprendizado está acontecendo de forma ativa e criativa. 

Então, não se assuste, nem se preocupe se ouvir os pequenos dizerem frases como “Quero brincar com minha doll” ou “Posso assistir um movie com você?” 

  1. Qualquer criança pode ser bilíngue

Verdade! O bilinguismo não depende de uma habilidade cognitiva especial ou de um dom natural. O que realmente conta e faz toda a diferença é o estímulo e a exposição constante ao outro idioma. Ou seja: qualquer criança pode ser bilíngue se tiver oportunidades reais de contato e aprendizagem da língua no dia a dia. 

E o mais legal: não existe uma idade limite para se tornar bilíngue. Embora a infância seja o período mais propício para a aquisição de línguas – já que o cérebro da criança está se desenvolvendo a todo vapor -, adolescentes, jovens e até mesmo adultos podem aprender e dominar outro idioma – bastam as estratégias certas! 

Outro ponto importante a ser destacado é que, ao contrário do que muitos acreditam, crianças com dificuldades de aprendizagem também podem ser bilíngues.  

É bastante comum que famílias de crianças com autismo, dislexia, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), atrasos no desenvolvimento ou outros distúrbios, se preocupem que o contato simultâneo com duas línguas atrase ainda mais a fala ou prejudique o desempenho acadêmico e o desenvolvimento integral dos filhos. 

Mas as evidências científicas mostram o contrário: o bilinguismo não só não agrava as dificuldades já existentes como também, em muitos casos, pode até trazer benefícios adicionais. E isso é incrível, não é mesmo?!  

Estudos indicam que aprender uma segunda língua favorece o desenvolvimento de habilidades cognitivas importantes, como a flexibilidade mental, a memória, a atenção e a capacidade de resolver problemas. Além disso, o contato com mais de um idioma amplia o repertório cultural, fortalece a autoestima e abre mais possibilidades de interação social – fatores fundamentais para qualquer criança, especialmente para aquelas que enfrentam algum desafio de aprendizagem. 

Em suma, o bilinguismo é para todos – basta o incentivo certo! 

  1. A família precisa falar inglês para a criança ser bilíngue

Mito! Ainda é muito comum a crença de que, para que crianças e adolescentes se tornem fluentes em uma segunda língua, como o inglês, os pais também precisam dominar o idioma. No entanto, essa ideia é bastante equivocada, uma vez que o domínio do inglês pelos filhos não depende do conhecimento da língua por parte da família. 

É claro que o contato com o segundo idioma precisa ir além da sala de aula, mas a boa notícia é que existem diversas maneiras de estimular o bilinguismo mesmo sem falar inglês. Assistir a filmes e desenhos no idioma original com legendas, ouvir músicas, brincar com jogos de palavras, explorar aplicativos educativos e incentivar a leitura de livros em inglês, por exemplo, são estratégias simples e eficazes para promover a aprendizagem em casa. 

Lembre-se de que muito mais importante do que ser fluente em inglês é demonstrar interesse, valorizar cada conquista, incentivar a curiosidade e acompanhar de perto a jornada de aprendizagem dos filhos. Quando a criança percebe que aprender uma nova língua também desperta entusiasmo em casa, o aprendizado se torna mais leve, motivador e divertido. 

  1. Ser bilíngue traz benefícios cognitivos

Verdade! O bilinguismo vai muito além de aprender a se comunicar em outro idioma. Estudos indicam que crianças e adultos bilíngues desenvolvem melhor a atenção seletiva, a memória de trabalho e a flexibilidade cognitiva, ou seja, a capacidade de alternar entre diferentes tarefas e formas de pensar. 

Uma pesquisa da Universidade de York, no Canadá, revelou que estudantes bilíngues conseguem resolver problemas de maneira mais criativa, ignorar distrações com maior facilidade e até tomar decisões de forma mais estratégica. E os benefícios continuam ao longo da vida: pesquisas apontam que ser bilíngue pode atrasar os sintomas de demência e reduzir o risco de declínio cognitivo na terceira idade. 

Bilinguismo na infância: um investimento para a vida toda 

Certamente, as pesquisas sobre os benefícios do bilinguismo ainda têm muito a avançar – mas, ao que tudo indica, esse será um campo cada vez mais promissor. No entanto, já é possível afirmar que falar mais de uma língua vai muito além de uma habilidade linguística: é um presente para toda a vida. 

O bilinguismo abre portas para oportunidades acadêmicas e profissionais, amplia o acesso a diferentes culturas, estimula a criatividade, fortalece a autoestima e enriquece a forma como a criança enxerga o mundo. E isso tudo prepara nossos pequenos para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais conectado, multicultural e diverso. 

Portanto, se você deseja oferecer ao seu filho uma educação que vai além da sala de aula e que contribui para seu desenvolvimento integral, apostar em um modelo bilíngue é investir em um futuro repleto de oportunidades e descobertas. 

 

 

 

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