Coisa de criança?

Quando nascemos, entramos num mundo desconhecido e cheio de estímulos. Nossos pais e familiares geralmente têm planos para nosso futuro e desejam o melhor para que possamos crescer saudáveis e com perspectivas de um futuro brilhante. O desejo de nossos pais é genuíno e válido. Por isso, eles fazem o que podem para nos dar as melhores oportunidades para aprendermos e sermos felizes.  

No entanto, a caminhada de aprendizagem é individual para cada um. Construímos nossos saberes em conexão íntima com nossas experiências de vida e isso é algo que nos faz diversos e únicos. Por mais que nossos pais queiram nos guiar, incentivar, oferecer o melhor e poupar de alguns revezes, não estamos em uma bolha e o mundo exige que passemos a vê-lo como parte integral de nossa formação.  

Na infância, o “brincar” é essencial para o nosso desenvolvimento. É através de brincadeiras que, de acordo com a Academia Americana de Pediatria, as crianças aprendem a interagir com o ambiente, descobrem seus interesses e adquirem desenvolvimento cognitivo, motor e linguístico. Brincando, elas também desenvolvem habilidades socioemocionais. 

No clássico Toy Story, Andy cria todo um mundo para seus brinquedos, não é mesmo? Ao brincar, a criança está fazendo da brincadeira um palco para a vida real. É como se ela estivesse ensaiando seu desenvolvimento, que será testado em situações do dia a dia. No início de seu desenvolvimento, a criança brinca com os pais, avós, tios e pessoas adultas de seu convívio. Brincar com nossos filhos nos dá oportunidades de ajudar em seu desenvolvimento linguístico, bem como de estreitar laços e trabalhar valores familiares que nos são caros e devem ser passados para aqueles que amamos. A educação acontece através do brincar.  

Na medida em que vai crescendo, a criança passa a buscar interações com outras crianças, pois sua atenção e habilidades estão amadurecendo. A sua forma de brincar também muda e cresce com ela, abrindo portas para criatividade e a vivência de novas experiências com brinquedos, jogos e até arte. Quantas vezes uma criança não “abre/quebra” um brinquedo para ver como funciona? Você já teve a experiência de dar um brinquedo ao seu filho e, de repente, você o flagra brincando com a caixa do brinquedo e não com o próprio presente? Pois é. O desenvolvimento de nossos filhos passa pela imaginação e liberdade de atuar sozinho e pensar junto com outras crianças.  

Atualmente, a escola tem buscado formas mais lúdicas e práticas de trazer o conteúdo para a vida dos nossos filhos. Quando aprendemos nossa língua materna, tudo se dá de forma muito espontânea e através de tentativas, erros e acertos, não é mesmo? O brincar e o desenvolvimento da linguagem se cruzam e se ligam intrinsecamente porque, para desenvolver comunicação, significativa que as crianças precisam ter imaginação, habilidades cognitivas e que representem o que elas querem falar – tanto ao nominar objetos, como quereres.  

Quando brincam, as crianças vivenciam essas fases e isso ajuda a aprendizagem a ser mais prazerosa, significativa e duradoura.  

Com o advento da tecnologia, muitas crianças brincam hoje com aparelhos eletrônicos e vídeo games. Perguntar se essa forma de brincar é válida, é natural para a maioria dos pais. A resposta é: sim! Os vídeo games trazem muitos elementos linguísticos que podem ajudar a desenvolver a língua inglesa: diálogos entre personagens, jogos que envolvem descobrir mistérios através de pistas dadas em inglês, tanto de forma oral como escrita, formação de palavras ou, simplesmente, jogos que exigem que instruções sejam seguidas para que se vença. Essas interações com jogos eletrônicos e vídeo games podem ser benéficas para o desenvolvimento da língua, sim. No entanto, é muito importante que os pais estejam atentos aos jogos utilizados e ao conteúdo ou teor dos mesmos. Jogos que incitam violência ou a trazem de forma gráfica, ou até mesmo a quantidade de exposição a essas ferramentas podem ser muito prejudiciais ao desenvolvimento socioemocional de nossos filhos. Eles também trazem um componente viciante que pode afastar seus filhos da convivência social que muito agrega ao desenvolvimento do ser humano. Afinal, somos seres compostos pela necessidade de comunicação. O brincar traz essa oportunidade para o brincante. Sorrindo, aprendendo a lidar com suas frustrações, ele vai se auto-regulando socioemocionalmente para que possa ser um adulto mais equilibrado e feliz, sabendo lidar com seus saberes e suas emoções. Brincadeira não é só coisa de criança, é coisa de gente. Gente que faz.  

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